651. "Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é vã e também é vã a vossa fé" (1 Cor 15, 14). A ressurreição constitui, antes de mais, a confirmação de tudo quanto Cristo em pessoa fez e ensinou. Todas as verdades, mesmo as mais inacessíveis ao espírito humano, encontram a sua justificação se, ressuscitando, Cristo deu a prova definitiva, que tinha prometido, da sua autoridade divina.

652. A ressurreição de Cristo é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento (Lc 24, 26-27. 44-48) e do próprio Jesus, durante a sua vida terrena (Mt 28, 6; Mc 16, 7; Lc 24, 6-7). A expressão "segundo as Escrituras" (1 Cor 15, 3-4) indica que a ressurreição de Cristo cumpriu essas predições.

653. A verdade da divindade de Jesus é confirmada pela ressurreição. Ele tinha dito: "Quando elevardes o Filho do Homem, então sabereis que 'Eu Sou'" (Jo 8, 28). A ressurreição do Crucificado demonstrou que Ele era verdadeiramente "Eu Sou", o Filho de Deus e Ele próprio Deus. São Paulo pôde declarar aos judeus: "E nós vos anunciamos a Boa-Nova de que a promessa feita aos nossos pais, cumpriu-a Deus para os filhos deles ao ressuscitar Jesus, como justamente está escrito no Salmo segundo: 'Tu és meu Filho, Eu gerei-Te hoje'" (Act 13, 32-33). O mistério da ressurreição de Cristo está estreitamente ligado ao mistério da Encarnação do Filho de Deus. É dele o cumprimento, segundo o desígnio eterno de Deus.

654. Existe um duplo aspecto no mistério pascal: pela sua morte, Cristo liberta-nos do pecado; pela sua ressurreição, abre-nos o acesso a uma nova vida. Esta é, antes de mais, a justificação, que nos repõe na graça de Deus (Rm 4, 25), "para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos [...], também nós vivamos uma vida nova" (Rm 6, 4). Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na nova participação na graça (Ef 2, 4-5; 1 Pe 1, 3); realiza a adoção filial, porque os homens tornam-se irmãos de Cristo, como o próprio Jesus chama aos discípulos depois da ressurreição: "Ide anunciar aos meus irmãos" (Mt 28, 10). Irmãos, não por natureza, mas por dom da graça, porque esta filiação adotiva proporciona uma participação real na vida do Filho, plenamente revelada na sua ressurreição.

655. Finalmente, a ressurreição de Cristo – e o próprio Cristo Ressuscitado – é princípio e fonte da nossa ressurreição futura: "Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram [...]. Do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida" (1 Cor 15, 20-22). Na expectativa de que isto se realize, Cristo Ressuscitado vive no coração dos seus fiéis. N'Ele, os cristãos "saboreiam as maravilhas do mundo vindouro" (Heb 6, 5) e a sua vida é atraída por Cristo para o seio da vida divina (Cl 3, 1-3), "para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles" (2 Cor 5, 15).

Fonte: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA