392. A Escritura fala dum pecado destes anjos (2 Pe 2, 4). A queda consiste na livre opção destes espíritos criados, que radical e irrevogavelmente recusaram Deus e o seu Reino. Encontramos um reflexo desta rebelião nas palavras do tentador aos nossos primeiros pais: "Sereis como Deus" (Gn 3, 5). O Diabo é "pecador desde o princípio" (1 Jo 3, 8), "pai da mentira" (Jo 8,44).
393. É o carácter irrevogável da sua opção, e não uma falha da infinita misericórdia de Deus, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. Não há arrependimento para eles depois da queda, tal como não há arrependimento para os homens depois da morte.
394. A Escritura atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama "o assassino desde o princípio" (Jo 8, 44), e que chegou ao ponto de tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai (Mt 4, 1-11). "Foi para destruir as obras do Diabo que apareceu o Filho de Deus" (1 Jo 3, 8). Dessas obras, a mais grave em consequências foi a mentirosa sedução que induziu o homem a desobedecer a Deus.
395. No entanto, o poder de Satanás não é infinito. Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas, de qualquer modo, criatura: impotente para impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás exerça no mundo a sua ação, por ódio contra Deus e o seu reinado em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves prejuízos – de natureza espiritual e indiretamente, também, de natureza física – a cada homem e à sociedade, essa ação é permitida pela divina Providência, que com força e suavidade dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério. Mas "nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8, 28).
Fonte: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Fonte: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA